quarta-feira, 15 de julho de 2009

D.A.V

Era um menino qualquer, um menino que sonhava com música, que vivia música com seu velho rádio sintonizado numa FM hoje extinta. Essa FM lhe apresentou o tudo, mas ele não sabia rotular nada; ouvia e cantava o que tocava, mas havia algo que tinha marcado, uma música que falava de sonhos, de tempo; ele a decorou e a cantava sempre. Certa vez lhe disseram que aquilo era rock, ele não acreditou, mas teve de se convencer ao ouvir uma fita que ganhou com três músicas e meia da banda que compôs aquilo que tanto lhe inspirava.

Foram meses a ouvir as três músicas incansavelmente, no volume máximo, disputando sempre com os vizinhos e orgulhando-se por ouvir o que chamavam de rock. Aquilo era pesado e lhe fazia bem. Às vezes, de madrugada, acordava com um refrão diferente tocando na FM; era profundo, mas ele não sabia ao certo se era pesado ou não, mas passava o dia cantando o que lembrava daquilo: “Nasceu, sofreu, morreu por nós... (...)”, bem era só isso que ele lembrava e, claro, da frase feita ao fim, com prováveis tercinas que ele se quer sabia nomear, apenas imitar com a boca.

Houve um tempo em que as três músicas e o pedaço de refrão não adiantavam mais, ele queria conhecer mais; a solução foi vender as latas de refrigerante que juntava há alguns meses e pedir para sua mãe levá-lo à capital para comprar um CD. E assim foi. Após a compra, a volta dentro do ônibus nunca havia sido tão longa, ele revirava o encarte, atentando a cada detalhe e pensando ao olhar os brincos e cabelos coloridos usados por alguns dos integrantes: “É isso que eu quero pra mim!”

Com esse CD o menino tocava bateria no sofá, acompanhava-o mesmo sem saber tocar coisa alguma; com esse CD o menino sonhava, se via tocando e queria aquilo pra ele. O menino começou com as aulas de música e estava cada vez mais sedento pelo novo; foi então que, ao vender sua bicicleta, pediu novamente à sua mãe para que o levasse à capital para comprar novos CDs, e comprou. Passava o dia a ouvir aquilo e a cantar músicas inteiras, não somente um refrão; passava horas em frente à TV assistindo as entrevistas e fragmentos de shows que conseguiu gravar, agora ele queria ir a um show. O menino era novo, sabia que era impossível sair sozinho para um show, mesmo assim, sempre anotava a data quando ficava sabendo que a banda estaria na capital, contava os dias e ficava a imaginar como estava sendo o show daquela banda e, claro, sintonizado no rádio esperando por notícias.

O que ele imaginava? Bem, isso me parece constrangedor de contar, mas lá vai: Ele imaginava um ginásio de esportes, músicos ao meio (na quadra) e o púbico na arquibancada. Era o máximo imaginar tudo aquilo, mas ele sempre voltava à realidade e ouvia seus CDs e assistia suas gravações. Mas um dia a história mudou e seu pai deixou-o ir ao show, ele estava extasiado, mal podia acreditar que, enfim, veria a banda que lhe apresentou ao rock n roll. O dia demorou a chegar, mas chegou e, com ele, novos vieram e o menino não perdia nenhum show que a banda fizesse na capital.

Hoje o menino tem 19 anos e continua a ouvir a banda. Conheceu alguns membros, criticou algumas fases, mas, continua sendo o mesmo que ouve sem cessar cada um dos CDs.

Agora ele vai um pouco mais longe, vai viajar quase 9 horas pra assistir a gravação do novo DVD da banda. Ah! Claro, a banda chama-se Oficina G3 e, sabe, ele está como uma criança contando os dias e fica bem feliz por compartilhar isso com vocês.

D.D.G Experience – 25 de Julho de 2009

6 comentários:

Carlossantos23 disse...

Esse menino vai longe. Hoje é um fã amanhã terá fã

Estefane... disse...

Texto incrivel...
Sonhos que persistem...é isso ai...
bjos

Unknown disse...

texto bom..e o video muito 10...parabenbs;;;;

Aglio disse...

veio, viu, venceu!

(L)

Danielle Abadie disse...

Nossa, incrivel como conseguiu descrever tão bem a história. Dava pra fechar os olhos e ficar imaginando.
Tá, eu confesso, eu fui até o fim pra ler o desfecho. Mas, como boa leitora, voltei ao inicio e li todo o post. :D
Bom, creio que o show já tenha acontecido. O menino se esqueceu de contar a melhor parte da história (ai, ai esse menino), a parte em que ele conta aos seus leitores como foi o show.
É o que nos resta saber, até porque, o fim mesmo da história, da história desse menino, vai depender mais dele do que de qualquer outro alguém. E esse só o tempo vai nos dizer.

Marília disse...

Tá na hora de mudar esse topo aqui e a foto do perfil, não achas? Está TÃO melhor do que com esse cabelo etc.

Não queria dizer nada, mas teu blog tá mais às moscas que o meu!

ANDALE CHICO, ANDALE! Vamos reviver essa porra!

te amo.